quarta-feira, 26 de março de 2008

PROGRAMA DE TEVÊ DESMASCARA O MERCADO,




Saiu no Desabafo Brasil - blog de Daniel Pearl

Nesta segunda-feira, o jornalista Rodrigo Viana trouxe para o "Entrevista Record News Mundo" o economista Márcio Pochmann que falou sobre o momento econômico mundial e, como não poderia deixar de ser, como diretor do IPEA (organismo veiculado ao Ministério do Planejamento), falar dos estudos deste Instituto quanto ao futuro do Brasil e da economia mundial. Em que pese o confronto pouco explicado de Pochmann à política do Palácio do Planalto, fruto provavelmente da "liberalidade" brasileira que, como disse João Cabral de Mello Neto, "que não se liberou chamais", o economista alinhavou informações alarmantes e que passam ao largo da discussão e análises da atualidade.

A principal delas diz respeito à indicação de que a economia mundial será dominada, num curto prazo, por quinhentas empresas multinacionais, dentre as quais cento e cinqüenta delas serão chinesas. China que, neste momento, dá provas do tipo de democracia que pretende praticar. Não é difícil prever que se esse cataclismo de fato se confirmar, o Estado nacional terá importância relativa ou nula no futuro. O curioso é que nesse mesmo programa de tevê o próprio Pochmann afirma que o caos econômico preste a ser vivido nos EUA será resolvido pelo Estado. Com isso, ele coloca por terra a principal tese dos Liberais (que hoje, no Brasil, passaram a se autodenominar democratas). Sua afirmação simula que a tese de Estado mínimo caiu, como as Torres Gêmeas. E mais: Pochmann confirmou que somente no final do século XIX o mercado foi capaz de resolver grandes impasses econômicos. Fora disso, diante de todas as crises, a começar pela de 29, o Estado nacional foi o grande salvador dessas economias que levariam a ruína toda à população. É de se esperar que venhamos a discutir muito sobre o que se coloca como futuro do Brasil e do mundo, nos próximos anos, começando por aquilo que nos é apresentado agora como pauta.

Mas que diabo isso tudo tem a ver a ver com a entrevista do economista rebelde, à frente de uma Instituição Governamental, e a repercussão da notícia que liga o escândalo da água contaminada com elementos químicos, provenientes de antidepressivos, anticonvulsivos e antiinflamatórios, ao livro BL recém aprovado pelo Ministério da Cultura?

O livro em questão não despreza as conquistas no campo do conhecimento, mas que por razões de Estado são subtraídas da população. Ao mesmo tempo, aponta na direção mais nevrálgica que a ela atinge - a sua saúde. Não é difícil compreender por que a saúde pública se tornou um dos mais rentáveis negócios, nas últimas décadas. O sonho de uma medicina gratuita ficou sepultado nos romances dos escritores visionários do final do século XIX, justamente quando o mercado ainda conseguia resolver seus próprios problemas. BL também remete a uma literatura dos tempos em que o Estado ainda não existia, onde o poder emanava dos pequenos feudos. E foi de lá que o autor extraiu a parábola que dá origem à novela escrita. Na fábula original, um rei guardou por três décadas os dejetos de animais, provocando terrível fedentina. Na atualidade, o fedor existe desde há muito, no entanto sua origem é guardada a sete chaves pelas autoridades governamentais, como fonte de lucro fácil. Resta a pergunta, ainda não respondida: como é possível combater a contaminação da água e, mesmo assim, ainda permanecer nela, componentes indesejáveis como as partículas descobertas pelo U.S. Environmental Protection Agency?

a) Parte da água captada para tratamento e que, posteriormente, entra em nossos lares como produto final a ser consumido tem origem do esgoto;
b) O tratamento recebido, quando eficaz, elimina os agentes vivos, tais como coliformes fecais e outras bactérias menos resistentes ao cloro que, nessa água é aplicado. Não elimina, no entanto, as partículas dos antidepressivos e de outros medicamentos, pois esses não são organismos vivos, e sim componentes químicos. Seria preciso produzir um reagente para cada elemento químico desses, desconhecidos até prova em contrário. Mas, isso levaria ao colapso do Sistema;
c) Existem centenas de pesquisas, adormecendo nas prateleiras das Universidades (ou esquecidas em publicações) que só os iniciados lêem, que induziriam, se aplicadas às políticas públicas, a uma outra solução para o saneamento básico. No entanto, esta é uma questão, como se diz - política. Não é, portanto, uma questão de Saúde, Conhecimento, Racionalidade e Justiça.

O livro, ao que tudo indica, bate de frente com as teses governamentais e as empresas que hoje dependem do Estado para a sua sobrevivência.

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