quarta-feira, 2 de abril de 2008

DRAMATURGO JA RESPONDE AO JORNALISTA PHA


Entramos na luta de PAULO HENRIQUE AMORIM pela melhoria do trânsito na cidade de São Paulo. Vejam só a Avenida Paulista às seis da tarde. ASSIM NÃO DÁ.

Caríssimo Paulo Henrique,

Certa feita, a jornalista Suely Pinheiro entrevistando outro jornalista (Heródoto Barbeiro) ouviu dele que "não existe imprensa independente", o que, de início, estou propenso a acreditar. Mas, faço algumas observações:



- Suely Pinheiro, o senhor me disse, ao telefone, não conhecer. Azar o seu. Deveria! Caso se desse ao trabalho de entrevistá-la, talvez pudesse contribuir para esclarecer um dos mais enigmáticos temas de nossa história contemporânea. Por exemplo, no seu último trabalho contratado (que a ela foi permitido realizar) organizou um curso de Jornalismo Econômico, do qual participaram, como professores, um secretário de Estado (também ex-ministro do Planejamento) e o atual Ministro da Educação. Depois disso, a sua companheira de profissão aumentou a lista dos excluídos por Deus (Mercado). Quanto a Heródoto, é normal que o conheça. Já trabalhou com ele, em duas empresas distintas;



- Já, falando em história, nos dias atuais o senhor tem sido, sim, personagem dos últimos capítulos, com algum destaque. Isso, eu afirmo! Porém, vamos colocar os pingos "nos devidos is". Normal que pense fazer um jornalismo independente, mas se equivoca. Ouso dizer que, querendo fazer puro, crítico, acaba criando uma modalidade inédita (até agora) na vida da República - o jornalismo dialético. Este, talvez, seja o ponto mais interessante de sua passagem pela história brasileira.



No dia de ontem (01 de abril) o senhor fez ilações a respeito de espetacular chantagem, promovida por conhecido personagem de nosso sistema financeiro, contra membros do governo federal e o partido que lhe dá sustentação, ameaçando-os com uma lista de propinas (aplicativo Excel). Essa planilha seria colocada, provavelmente, sob a porta das principais redações dos jornais que o senhor, sutilmente, nomeou PIG. Mais, como argumento maior, justifica dizendo ser esta manobra, pra lá de sensacional, colada à sua estada em NY, aonde teria presenciado in loco medidas judiciais de um tal banco, sediado em W.D.C. O senhor finaliza, concluindo que o tal acordo nos faz lembrar o expediente que faz parte de nossa cultura - acerto que agrada a todos os que mandam, de fato, no dinheiro que, como diz o poeta baiano, constrói e destrói coisas belas. Mas, eu discordo de um ponto: em primeiro lugar, sugiro trocar o nome desse Acórdão para “Sexta-feira Espetacular”. Ecoa como mais um escândalo, produzido pelas páginas do PIG que, como se sabe, vive toda sexta feira abalando a República, colonizada por Pinheiros, Barbeiros e Amorins. Mais ainda, lembro a passagem traumática no Brasil, do regime monarquista para republicano, o que fez com que a classe dominante se dividisse, através das páginas dos jornais antagônicos da época. O feito acabou registrando um rico material do período.



Fez parte dessa contenda, o Estadão e o Diário de S.Paulo, hoje parte das Organizações Globo. Nos dias de hoje, PHA não dividiu a classe dominante, pelo contrário, por conta de seus últimos textos acabou unindo gregos e troianos; árabes e judeus. Com efeito, vem produzindo um material inestimável da atualidade brasileira. Espero sobreviver para vê-lo premiado, pela excelência de seu trabalho. Quanto a Heródoto, continuo acreditando que, de fato, não existe um jornalismo independente, o que não esperava era que fosse legitimado o tal jornalismo corrupto. O que o senhor, tão bem, tem ajudado a desvendar.



Abraços sinceros



(*) Jair Alves - dramaturgo



(*) - Prêmio Vladimir Herzog, pela peça 7 Dias em 2000;

- Tempo de Raul e Guarnica (estréia em junho próximo, na cidade de São Paulo)

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