quarta-feira, 9 de abril de 2008
QUANDO SAIR, NÃO ESQUEÇA:
QUANDO SAIR, NÃO ESQUEÇA:
Deixe comida pro cachorro, senão ele acaba comendo o sofá
Engana-se, quem pensa que estamos vivendo, hoje, os melhores dias de nossas vidas. Estamos muito longe disso. O jornalista Luis Nassif tem chamado um determinado tipo de imprensa, de "jornalismo de esgoto". Se um jornalista como ele pode escrever "esgoto", e qualquer prefeitura, por esse Brasil afora, cria departamentos de "Água e Esgoto", por que não podemos falar expressamente sobre o mais sólido e principal componente do mesmo? Desafio, quem possa dar uma resposta satisfatória a essa questão. Como diz o próprio Nassif, "estou prestes a jogar a toalha", referindo-se ao jornalismo que se faz atualmente.
A verdade é que vivemos tempos hostis, prenuncio (espero não) de tempos sombrios. A imprensa, de fato, não é a mesma dos anos pré-68, nem pré Anistia. Recuando mais ainda, nos primeiros anos da República, lembramos que as forças políticas antagônicas se digladiavam pelas páginas diárias, porém a disputa restringia-se a defesa de um ideário, nada mais. A família Mesquita, por exemplo, defendia a República, enquanto a Couto Magalhães defendia a Monarquia. Na segunda metade do século XX, nas revoluções e golpes de estado, os jornais defendiam projetos políticos, até serem empastelados pelo governo. Não se envolviam diretamente nas disputas financeiras, hoje é diferente. Qualquer dirigente de corporação que esteja á frente de uma empresa de Comunicação, pode ficar bilhardário de um dia para outro. Sendo assim, qualquer forma de comunicação que se invente (orkut, blog, celular), antes de tudo, é a possibilidade de transformar um aventureiro, do dia para noite, num grande magnata. Por que tanta briga em torno das teles e a remoção de jornalistas "bocudos"?
Gastou-se muito tempo, nos últimos anos, discutindo-se se o jornal impresso estava morto, ou não. Esqueceram que existem outros veículos de comunicação, entre os humanos (???), muito mais antigos do que o jornal impresso - o teatro e o livro, por exemplo. Eles se renovaram, de acordo com o movimento social, econômico e político, apesar de sua morte ser anunciada algumas vezes.
Estamos diante do pior, quem sabe. Não vai haver imprensa, dentro em breve. Esta será substituída por departamentos de comunicação, nas corporações. Essas, por sua vez, também serão responsáveis, desde a produção de bens e equipamentos domésticos, até programas de entretenimento diário. A principal prova de que isso já vem ocorrendo, desde há algum tempo, é a supervalorização do Marketing, em detrimento ao jornalismo.
Sinto dor na costela, quando vejo uma das emissoras de tevê (no Domingo Espetacular), fazendo inserções semanais de peças de teatro. Para meu desespero, vejo também que só são anunciadas peças, cujo elenco tenha um artista do cast das suas novelas (TV Record). A outra emissora, concorrente, logo mais vai fazer o mesmo (ou, talvez, já esteja fazendo). Ou seja, não discutimos, de fato, o dirigismo da informação. Isso subverte a democracia. Estamos a caminho do monopólio das pautas.
Talvez, seja por isso que eu tenha sido obrigado a substituir o título da novela, para BLX. Nego-me chamá-la de Esgoto Lavado. Quero chamá-la pelo nome de batismo. Essa minha teimosia tem uma explicação, a palavra que a imprensa me impediu de escrever, é a essência do esgoto do qual Nassif se refere. Portanto, na imprensa pode se encontrar corrupção, como já se provou existir no Legislativo, Executivo e Judiciário. A imprensa é e deve ser livre, menos para cometer crime. Um dos responsáveis pela difusão dessa impunidade, foi José Dirceu, provavelmente uma das suas maiores vítimas. Ele se cansou, dizendo que a imprensa vinha se comportando como partido político. Que podia se comportar assim, desde que deixasse isso claro. Bobagem, irrelevância. Isso é tão óbvio,como chamar essa imprensa (como fazem certos militantes de esquerda) de "Imprensa Burguesa". Tudo bobagem. O fundamental seria abrir uma discussão com a sociedade, para que ela se manifestasse, sobre qual o tipo de imprensa ela acredita ser a ideal.
jair alves - dramaturgo
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