terça-feira, 17 de junho de 2008

Cooperativa Paulista de Teatro - 1984




CUIDADO AO EXPERIMENTAR A FAROFA,
Se ela estiver quente, não assopre!


A Guerra de todas as Guerras terminou a pouco mais de sessenta (60) anos. Os 60 meses que se seguiram, serviram para acomodar as forças vencedoras e perdedoras, na busca de uma nova ordem Social e Econômica e, acima de tudo, Política. Os maiores vencedores desse cataclismo, sem dúvida, foram os EUA que, de forma inequívoca, passaram a ditar as regras para o Mundo (subdesenvolvido), disputando cada quilômetro de superfície com a, então, poderosa União Soviética. Começava aí, a Guerra Fria. Tudo isso é passado (nem tanto, como veremos).
A partir desse momento, o cinema de Hollywood passou a vender (ao menos para os países colonizados, como o Brasil), a idéia de que o mundo era dividido, em cidades de quarteirões largos e carros conversíveis, quase sempre ocupados por “loiras cintilantes” e homens com cabelos, emplastados de brilhantina. Isso, sim é passado, nostalgia. Este mundo “glamorizado” foi construído para esconder o verdadeiro horror, produzido pelas invasões que o Exército ‘profissional’ dos EUA fez planeta afora. Para os EUA era preciso transformar cada metro quadrado da Terra, num imenso mercado de consumo - e o Brasil não estava fora desse plano. As praias, ainda não poluídas na época, do Centro América e Sul-Americana se transformaram num portal de entrada ao paraíso para os norte-americanos “endinheirados”, que possuíam muito mais do que dois carros na garagem e algumas reservas para gastar, ao final de cada semana, na acirrada disputa da NBA (National Basketball Associatio).

O chamado “desenvolvimento” desses países gerou muitas contradições e focos de revolta que vieram, inicialmente, em forma de rumba (em 1959), com os Cubanos ‘barbudos’, mas que eclodiriam em menos de dez (10) anos depois, no emblemático, 1968. Não foram poucos os motivos dessa “explosão” revolucionária, sendo a maioria deles resultado do embate entre os dois modelos escolhidos para a Humanidade: de um lado, o Socialismo e, de outro, o Capitalismo. Para os “profetas” da simplificação, o Mundo entrou numa era de Paz, em 1989, com a queda do muro que separava as cidades de Bonn e Berlim. Os acontecimentos que se seguiram nos mostram a quantidade de gente medíocre, habitando a Terra e as redações dos jornais. E a Guerra continua, nessa semana, no discurso de vitória, nas prévias, do candidato (pelos Democratas) dos EUA. “Enigmaticamente”, olhando para a esquerda e para a direita, falou que terminava ali uma grande trajetória e tinha início outra. Não temos dúvidas quanto a isso. Apesar de o do próximo passo a ser conquistado, seja verdadeiramente a Presidência do seu país, o Macunaíma “às avessas”, Obama (Barack), tem em mente mais planos que incluem, sem dúvida, cada centímetro do território brasileiro. Começa aí, um grande problema para todos nós brasileiros.

Em 1994 (há quatorze anos, portanto) embrenhamos nossos dias, num ‘libreto’ por nome “ESCUTA ZÉ DIRCEU”. O personagem ‘tema’ a partir daí, por mérito e tropeço próprio, transformou-se num ícone para a Cultura e a Política brasileira. Para uns (ainda) um Revolucionário, enquanto para outros, um corrupto. Nem uma coisa nem outra. O que nos interessa nesse momento é lembrar que este modesto livro, que contou com a boa vontade do personagem central, falando sobre a sua vida, na clandestinidade, tinha uma observação nossa de que um outro tipo de guerra se avizinhava. E isso, com toda certeza, não foi levado a sério, muito menos discutido com a devida ênfase (mesmo em outros livros). Enfaticamente, o livro conta que a partir das cinzas de 1968 e Vietnam, a disputa mais importante seria travada no campo das COMUNICAÇÕES. Zé Dirceu relevou a questão (está lá no livro) e, hoje, se transformou na principal vítima dessa disputa, anunciada. De nossa parte, não queremos mais focar o ex-deputado, como símbolo do presente, pois o mundo de hoje é mais complexo. O que se encerra e o que se inicia é bem mais amplo e subverte o culto à personalidade e até mesmo o talento de um ou de outro, embora cada individualidade ainda faça diferença no contexto.

Para finalizar, queremos e vamos falar de nosso tempo e, para tanto, escolhemos dois nomes que viveram esses últimos 50 anos da transformação do Brasil, num país industrializado e injusto. São eles, Raul Cortez e Gianfrancesco Guarnieri, dois artistas que ‘emblematicamente’ morreram na mesma semana, no ano de 2006. Vamos representá-los (em cinco anos), numa parábola do bordão desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek (presidente do Brasil de 56 a 61) “cinqüenta anos em cinco”. Deu no que deu. Mas, é preciso lembrar que uma história se finda, enquanto uma outra se inicia.

Jair Alves - dramaturgo - São Paulo

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