segunda-feira, 17 de março de 2008
PENA QUE PENA QUE COISA BONITA, DIGA!
- Emmanuel
Qualquer maneira de amor valerá. Eu troco qualquer 11 de setembro, por quantos 10 de janeiro ainda possam vir. Troco todos os dias da minha vida, por tantos outros 10 de janeiro como esse, onde seqüestrados despendem-se dos guerrilheiros das Farc, na selva amazônica e, graças a uma das maravilhas das comunicações, falam para que o mundo inteiro ouça: "Gracias, presidente. Mil veces gracias". Este é o brado da antiguerra, que sepulta a cultura política da destruição. É a pá de cal nas peças publicitárias que, disfarçada ou explicitamente pregam a morte. Já dizia JCMartinez Correa, no seu filme 25, "É preciso matar a morte".
É provável que Milton Nascimento e Caetano Veloso não tenham pensado que um dia essa modesta canção, escrita nos longínquos anos 80, viesse a se transformar, hoje, no hino da vitória da paz de todos os sempres. E sempre será.
Desde as primeiras horas desta tarde, o canal Record News transmitia para quem quisesse ver e ouvir os passos decisivos de uma libertação símbolo, para se atingir tudo aquilo o que queremos - o binômio, diversidade e paz. E ali estava, aos olhos de todos, a parte feminina dessa questão emblemática - Clara Rojas, mãe de Emmanuel, filho de guerrilheiro, nascido na Selva Amazônica. Outras tantas canções virão, eu sei, imoladas por esse dia tão significativo - Qualquer maneira de amor vale o canto!
Bastaram alguns minutos para conferir na emissora ainda mais poderosa do continente, na sua versão paga (Globo News), para ver que outros 11 de setembro ainda virão. Lá estavam dois comentaristas furiosos. Um, por nome Herval (o cínico) e outra por nome Hipólito (a especialista), vomitando palavrões, impróprios para o momento. O foco para esses propagandistas da guerra não era o gesto humanitário e simbólico, em direção à paz, e sim a pregação pró-EUA, como se não estivéssemos enojados dos insucessos norte-americanos, na sua política de guerra de extermínio e humilhação do inimigo. Quantos Bagdá ainda teremos, antes da paz? Qual a palavra que ainda não tinha sido dita?
Emmanuel. Nome de anjo e profeta.
J.alves - Pai da lingüista Flávia de Castro Alves (UNB) e do DJ Pablo Palumbo. É também ex-dramaturgo e ex-escritor.
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