Não pretendo transformar este texto em uma disputa, político-partidária e, muito menos, negar a dívida de gratidão que tenho com o ex-deputado e ex-ministro, pela oportunidade de ter formado a minha família. Mas, é impossível não ficar atônita e insensível, diante da posição tomada pelo companheiro Zé Dirceu, ao abrir discussão em seu BLOG sobre a obrigatoriedade do diploma de curso superior para o exercício profissional do jornalista. Não me refiro ao debate, isso sempre será bem vindo, mas pela sua forma "indisfarçável", a favor da desregulamentação da profissão. Não é porque ele colocou dois funcionários seus - um pró, outro contra - que isso tenha esclarecido alguma coisa, pelo contrário. O Editor, seu funcionário, pouco acrescentou à defesa (que deveria ser ferrenha) do Diploma. Nada se parece à determinação com que o ex-deputado e ex-ministro, sempre defendeu suas posições. Esta hesitação acaba pesando muito de um lado da gangorra, e o resultado é evidente - José Dirceu, surpreendentemente, parece defender a desregulamentação da profissão do jornalista, provocando, assim, uma espetacular contradição.
Pergunto, qual a tônica do ex-ministro, nos últimos meses, desde a sua cassação de mandato pela Câmara Federal? Apelar para o estado de direito que diz: "ninguém poderá ser considerado culpado, até que seja julgado, condenado em última instância, e posterior publicação da sentença!" Por que, então, ele está engrossando o lado dos que negam este direito dos jornalistas profissionais - resultado de várias décadas de luta - para o aperfeiçoamento e dignidade dessa profissão?
Já que o nosso assunto é Mídia, é o caso de perguntar a José Dirceu se ele respeitaria um leigo vindo a uma emissora de televisão, ocupando espaço de "especialistas", como gosta de chamar a Tevê Globo, dando conselhos sobre Medicina, Economia, e Direito (matéria da qual ele completou curso acadêmico, assim que saiu da clandestinidade) . Hoje, mantém um concorrido escritório de Assessora Jurídica. A resposta é óbvia: José Dirceu rechaçaria.
Evoco amigos comuns, como os jornalistas, Jorge Batista, Perseu Abramo e seu tio, Cláudio Abramo. Esse último, eu não tive à oportunidade de desenvolver amizade, mas nutrimos igualmente profunda admiração. Tenho certeza que se estivessem vivos, estariam indignados com essa confusão, provocada pelo Blog do Zé.
Sua funcionária chega a afirmar que: "Há jornalistas graduados sem capacidade de botar ponto e vírgula numa oração". Parece ser este o caso, da autora do texto citado acima. Em um outro trecho, ela afirma o seguinte: "A ética, também muito discutida, não é dada por diploma de qualquer curso. É formação da vida, de caráter, vêm" de berço ", como se diz popularmente. Quem não tem ética, certamente não a ganhará com um pedaço de papel". SEM COMENTÁRIOS! Já, para Aristeu Moreira (Editor do site), ao escrever sobre este tema (apesar de dizer que é a favor do Diploma), não está fazendo mais do que cumprir sua missão, como EDITOR e, principalmente, não discordando do seu chefe (patrão), José Dirceu.
Dessa celeuma toda é cabível perguntar ao Zé se ele acha justo que, a partir de agora, não seja obrigatório, também, para os professores de primeiro e segundo grau os quatro anos de estudos acadêmicos? É justo perguntar, ainda, se a partir de agora para ensinar português, matemática, química, geografia, história geral, não seja necessário passar pelos quatro, duros anos, em faculdades públicas ou privadas? Liberou geral? Em nome do quê? Com certeza, não em nome do Conhecimento. A funcionária chegou a citar, Heródoto Barbeiro (de quem fui aluna), como trunfo de seus argumentos pífios. Heródoto, não vem praticando jornalismo, desde há muito, escolhendo a política partidária como sua atividade principal, embora usando os mesmos canais. Isso não é manifestação de Conhecimento, mas sim do conhecido "embromation".
Lembrando uma observação já feita pelo jornalista e professor universitário, Wedencley Alves, neste mesmo grupo de idéias, a questão envolve não somente os interesses de pessoas, em torno de uma entidade sindical. Ela diz respeito a questões tratadas na Constituição Brasileira. Diz o professor: "Vou desdobrar sua reflexão - liberdade de expressão não é o mesmo que liberdade de imprensa. E liberdade de imprensa não significa a mesma coisa que a" liberdade - que deveria ser regulada - de empresa jornalística ". Portanto, é sempre bom chamar a atenção para a diferença de conceitos. Dê o direito a um poder sem limites sobre o fiel a um pastor, padre, babalorixá, monge ou rabino e verá o que acontece. Diga a um jornalista que daqui para frente não há mais regras de conduta, que ele pode fazer o que pretender, sem se ater a limites éticos, deontológicos, legais, comportamentais, técnicos ou formais, e você verá que monstro estará criando".
Repetindo uma vez mais que isso não se trata de um manifesto político e, sim, a manifestação de uma profissional, indignada com a inexistência de uma Política de Comunicação do partido que ele (Zé Dirceu) presidiu, por muitos anos e, também, do governo ao qual ele fez parte até pouco tempo. Os Órgãos de representação profissional, segundo tenho conhecimento, têm se manifestado de forma muito tímida a respeito. Não foram capazes de levar à frente a luta de milhares de brasileiros, que viram no jornalismo uma opção para ajudar no desenvolvimento da Nação. Talvez, esta oportunidade esteja se diluindo, não antes, porém, do meu protesto.
Suely Pinheiro - Jornalista/SP
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Respostas a este tópico
Permalink Responder até Jair Alves em 14 August 2008 at 13:48 Suely, Ricardo, Paulo, Weden, Luzete e demais,
Sobre o tópico JOSE DIRCEU E O JORNALISMO PROFISSIONAL
Pela hora que esse texto foi publicado já deveria ter um "montão" de observações a respeito. Sinceramente não sei o que está havendo. Não posso acreditar que seja desconhecimento do assunto,por parte dos participantes desse Grupo Mídia. Alguma parte da mação deve estar contaminada, não sei o que dizer. De minha parte no entanto sei que a coisa é grave. Nem quero acreditar que o assunto seja tabú. A luta pelo controle das vias de comunicação tem sido feroz. Quem teve a oportunidade de acompanhar alguma noticia ontem sobre Daniel Dantas na CPI pode constatar o circo que estamos metidos. Parece que não sobra ninguém pra gente convidar para o aniversário do netinho. Sinceramente tenho medo que um deles venha a sequestrar a minha mãe.
Quanto ao Zé Dirceu, reforço a indignação da jornalista que assina o texto, a valorosa Suely Pinheiro. Nem o deputado José Dirceu, tão pouco o goveno que ele fez parte conseguiu fazer alguma coisa para fortalecer um segmento tão importante para a Democracia brasileira - o livre exercício do jornalismo. Sabemos que a Liberdade corresponde também a igual tamanho de Responsabilidade. A imprensa e os jornalistas não precisam de tutores.
Segundo li, o texto caminha nessa direção - cobrar dos homens influentes da Nação um posicionamento mais institucional.
Permalink Responder até Liu Sai Yam em 14 August 2008 at 16:18
Cara Suely,
Você quando coloca um tópico, não deixa por menos...
Nunca me intitulei jornalista porque nunca me considerei como tal, não ganho a vida com a atividade e não tenho os conhecimentos básicos.
Se por um lado acho que um diploma não confere aptidão para tornar qualquer profissional apto a exercer melhor um ofício, suponho também que a extinção pura e simples de sua exigência talvez enfraqueça o poder de aglutinação e mobilização dos profissionais enquanto classe, ou seja, bate de novo naquelas velhas questões sobre direitos, salário, organização, etc.
Francamente, gostaria de conhecer melhor a opinião do pessoal mais especializado, que certamente irá interagir neste espaço, antes de meter outra "colherada".
Só uma dúvida: vale, na prática, o que pensa Zé Dirceu sobre o tema? Ele tem alguma influência sobre a legislação da matéria? Se há um lobby atuando sobre a questão (e vc parece deixar que há), quais setores o apóiam e municiam?
Abraço
Liu
Permalink Responder até Liu Sai Yam em 14 August 2008 at 18:39 Suely
É bate-pronto.
Pelo visto, somos todos amigos do Zé Dirceu, como é natural.
A gente se abriga sob o mesmo guarda-chuva: o da esperança!
Quando Estadão, Vejona, Folhona & Cia. Ltda. unem forças pra esmagar um cara, nosso impulso é o de exercer a complacência.
Afinal, não vejo como comparar Zé Dirceu e Bornhausen. Um tem história, o outro está inscrito no Livro Universal da Infâmia.
Será que as pessoas mudam tanto assim? O ônus do poder é assim impiedoso?
Abraço fraternal
Liu
luzete 1 dia atrás
Suely,
a regulamentação da profissão de jornalista é algo muito novo no Brasil. Ou seja, ainda não houve tempo para acumular informações e experiência que possam indicar mudanças. Não entendo porque, neste momento, introduzir um debate desta natureza quando a luta pela regulamentação mal terminou.
Propor a desregulamentação da profissão apelando para o argumento de há jornalistas graduados sem capacidade de botar ponto e vírgula numa oração é, realmente, muito pobre. Afinal, este argumento valeria rigorosamente para qualquer profissão porque o jornalismo não detém o monopólio do mau profissional.
Quanto à ética, todos sabemos que é uma área que enseja estudo especiais e específicos. E ninguém nasce ético, nem jornalista de berço, nem médico, nem educador, quando muito nascemos om algumas aptidões que não prescindem do conhecimento. São todas coisas aprendidas. Exemplos muito recentes e que implicaram em discussões sobre a ética aconteceram quando da regulamentação das pesquisas com células trono e sobre os limites do uso de fontes em matérias jornalísticas.
Por isto não entendo as razões que fazem com que o ex-ministro josê Dirceu traga este tema para debate. Pelos argumentos visíveis eu diria que não existe nem consistência, nem oportunidade neste debate.
Queria destacar que acho interessante que o tema tenha sido trazido aqui para debate, porque ninguém pode menosprezar o peso do ex-ministro na formação do ideário nacional, mesmo quando discordamos dele.
Permalink Responder até Jair Alves 1 dia atrás
Oi pessoal da primeira fila (do Grupo Mídia),
Falo, especialmente, para essa rapaziada e moçada que são os primeiros a pedir a palavra. No entanto, não esqueço a grande maioria que fica querendo entender o que está sendo discutido. E é a eles, nesse momento, que eu lanço o meu olhar...
Em relação ao tópico postado pela Suely Pinheiro, a Luzete chegou até citar Gramsci "à sociedade não se põe problemas que (ela) não pode resolver", explicando, assim, a pouca receptividade (imediata) da maioria dos participantes do Grupo. Não sou um leitor assíduo de Antonio Gramsci (muito menos estudioso), sou mais afeito a ler e entender a história - e o pouco da história de Gramsci que sei é que ele apodreceu no cárcere de Mussolini e que tinha especial apreço pelas Artes. Sei, também que, em grande parte, o medo que o Ditador tinha do que ele (Gramsci) pudesse produzir como pensamento, vem de uma prática descoberta (naqueles tempos difíceis, na Europa) dos Meios de Comunicação de Massa. Goebbels tinha inventado a propaganda e, Mussolini, temia que o pensamento dele viesse a se reproduzir, em grande escala. Reside aí, prezada Luzete, nosso problema - brilhantemente, apontado pela jornalista.
Sim, é verdade que a população só destaca os problemas que ela pode (ou acha que pode) resolver. De fato, mas muitos problemas diretamente ligados à maioria da população são ocultados durante anos. Existe uma ótima frase, sobre o fim da Censura aos Meios de Comunicação no Brasil, que diz: "os Censores foram embora e, em seu lugar, vieram as grandes Agências de Publicidade e os Manuais de Redação". Plínio Marcos que o diga - o herói da luta pela Liberdade de Expressão. Restou para nós, contemporâneos, lutar pela Liberdade de Imprensa que, ainda, não está de todo garantida. Este é o mérito do protesto de Suely.
Fico horrorizado - que me desculpe à rapaziada, como o Fabio - que posta, tópicos, querendo dar "exemplos de como deveria ser nossas entrevistas".Puxa, Fábio, pelo visto sou o marido traído nessa estória. Você não é publicitário? Que mal lhe pergunte, o que tem a ver entrevista com publicitário? Publicidade com Mídia, sim, que "faz a cabeça", e isso todos nós sabemos. Inclusive, você mesmo já chegou à conclusão de que "estamos num processo de idiotização". Eu não estou, com certeza. Talvez, por isso sofra tanto na carne quando leio suas propostas. Tem algo errado aí. Podemos ver, você quer?
O que mais me fustiga, no texto de Suely Pinheiro, é que no ano de 2000 ela organizou e coordenou duas edições de um Curso de Economia para Jornalistas, que batizaram como "Curso Avançado", promovido pela Diretoria do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo. Dentre os professores mais conhecidos cito, Fernando Haddad; Leda Paulani; Eduardo Suplicy; Celso Pinto; Paul Singer; e João Sayad. Muita gente boa que está no mercado fez este curso, que tenho certeza ajudou muito a eles compreenderem a nossa atualidade e transmitir para o público leitor. Passado esse tempo, gradativamente, o jornalismo de software foi tomando conta, enquanto o quadro de funcionário de cada redação é substituído, assim, como se retira e põe no drive de CD um novo programa. Os profissionais que construíram esta Nação, a liberdade de expressão que desfrutamos, hoje, estão num mato sem cachorro. As exceções, como diria Brecht, confirmam a regra.
Quanto à atualidade do texto da Suely, considero que esteja conectado ao circo, montado, ontem, na CPI dos grampos. O surrealismo é tão grande, que é difícil determinar quem é o mocinho e quem é o bandido nessa estória. Se José Dirceu tem alguma coisa a ver com aquele homem "careca e orelhudo", eu vou deixar para a própria jornalista responder, já que o Liu (acabei de ler agora) faz incisivamente essa pergunta, diretamente a ela.
Se há relevância, afinal, no texto eu afirmo que sim - e muito. O tempo dirá. E aí lembro Gramsci. Esse viveu num tempo em que quando ainda não havia Televisão, Internet e, principalmente, essa gigantesca rede de informação que controla o mundo. Por esta época, os jornalistas ainda eram tidos como Agentes indispensáveis na humanização do mundo. Hoje, segundo posso ver estão na mira dos que lutam desesperadamente pelo Poder. Daí eles - os jornalistas - causarem tanto incômodo, como Gramsci a Mussolini. Não é Luzete?
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Permalink Responder até Suely Pinheiro 1 dia atrás
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Liu,
O Zé Dirceu sempre foi humilde, ao pensar sobre questões profissionais. Isso, apesar de paradoxal, é verdade. Só que ele, na prática, faz uma paródia daquela práxis de Gramsci que diz: "pensar pessimista e agir otimista". É isso mesmo ou você, com todos esses os anos de General Jardim pode me corrigir? Pois é, o Zé pensa humilde, mas quase sempre age com arrogância. São duas as razões para acreditar que ele esteja caminhando e agindo, na contra mão daquilo que nós consideramos razoável.
Uma delas está ligada às amizades, sinceras, e de profunda admiração por Jorge Batista, Perseu e Cláudio Abramo. Este último chegou a empregá-lo, por algum tempo, lá na década de sessenta, mas Cláudio "franco" como era, disse ao jovem estudante de Direito da PUC - "vá procurar outra coisa para fazer, porque para jornalista você não serve".
Acredite, isso não é fofoca. O próprio Zé contava essa história, e se divertia muito com isso. Este era o seu lado humilde, mas na prática ele agia como um centralizador (democrático). A piada é infame, mas revela muito bem o "jeitão" dele agir. Quando Jorge morreu, em 1986, ele ficou de fato muito mal. Na missa de sétimo dia (na Igreja de Perdizes), ele era o retrato do amigo que tinha perdido um irmão, não apenas um companheiro. Sabia e expressou isso, no rosto, que o Brasil havia perdido um jornalista que poderia escrever um novo Capítulo da Imprensa Brasileira. Todo projeto de Conselho Nacional de Comunicação Social, que deveria ser debatido na Constituinte, havia sido elaborado por Jorge e ele, Zé, confiava nisso. Mas, esse lado esplendoroso cai por terra, quando ele se deixa assessorar por gente muito ruim, sem qualificação profissional. Você não vai querer que eu lembre alguns nomes aqui, vai?
Um outro item de contradição, diz respeito a possíveis interesses corporativistas que ele estaria ajudando a construir. Não faço nenhuma análise pessoal sobre isso, apenas cito a contradição dele depender, agora, da força da Lei para se safar das denúncias a que é acusado e que, afinal, não são ancoradas em provas, mas em evidências. Ao mesmo tempo, facilita ou age (profissionalmente) a favor de interesses corporativistas, como a formação de uma terceira ou quarta Rede de Comunicação. Apesar de ele não ser cristão (nem eu, sou budista), já dizia Jesus: "não se pode servir a dois Senhores". À frente do Partido dos Trabalhadores (não dos empresários) e, depois, também no Governo, ele não conseguiu aprovar uma proposta de proteção para a Democracia e a uma categoria tão importante, como a dos Jornalistas. Falo do Conselho de Comunicação Social que, dizem, foi boicotada pela Casa Civil. Agora, a derrubada do Diploma é o enfraquecimento, significativo, para a luta dos jornalistas, como você mesmo já disse.
Permalink Responder até Liu Sai Yam 1 dia atrás
Esta aí o aspecto delicado da questão, e o que explica (suponho) a subserviência geral à pauta determinada por instâncias superiores, editoriais, mercadológicas e, por que não, do público (que em vez de receber informação, determina que tipo de informação deseja receber). O próprio Zé Dirceu foi vítima disso, não foi?
A gente vocifera contra jornalista, mas jornalista vive na corda bamba.
A regulamentação me parece, no momento, defesa ao livre descarte de profissionais independentes, o que pode conferir uma mínima garantia de autonomia. Instrumento prático, proteção trabalhista.
O resto é discussão braba, mas há que se garantir o mínimo enquanto se luta pelo máximo. Afinal, não é produtivo contestar a CLT só porque foi instituído por Getúlio... Aí, não contam as intenções subjetivas, mas os efeitos concretos, certo?
Permalink Responder até Liu Sai Yam 1 dia atrás
Realmente, Suely
O pensar pessimista afirma: o poder corrompe (e como!). O cara muda de amizades, compra gravatas em outras butiques, muda a marca do vinho, do automóvel, mil coisas.
O agir otimista aconselha: Rei morto, Rei posto. A gente segue lutando, porque a luta sempre se renova. Não há muitos como os Abramo, que a despeito das seduções do poder e benesses, seguiram espartanamente lutando pela vocação jornalística, que dava sentido às suas vidas.
Acho que o fundamental é fixar um foco, e partir pra luta. Como diria um porra lôca do velho tao: a persistência vislumbra a virtude... ou não, mas que importa? Fará parte do processo, de qualquer forma.
Pra cima e sem medo (novamente) de ser feliz.
Abraço
Liu
Permalink Responder até wedencley alves 1 dia atrás
Suely, excelente tópico, e discussão que deve ser travada, visto que uma das questões que nós levantamos aqui como eixo de debate é justamente a relação entre jornalismo, profissionalismo e qualidade.
Infelizmente, não tive muita chance de vir aqui com calma. Mas comento a seguir.
Neste momento, no entanto, gostaria de lembrar aos participantes que a Suely não trouxe para a discussão a vida pregressa de José Dirceu nem fez questionamentos de caráter.
Portanto, não dá para entender como uma discussão sobre o diploma vira, para um participante, uma oportunidade de fazer ataques ao ex-deputado.
Na próxima participação, eu então deixo minhas considerações específicas sobre a questão do diploma.
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Permalink Responder até wedencley alves 1 dia atrás
A defesa da desregulamentação da profissão do jornalista não se sustenta sobre argumentos minimamente razoáveis. A defesa do fim do diploma é na verdade a defesa da descontituição da categoria, e um voto a favor da vilanização da formação do futuro profissional de imprensa.
Há duas séries de argumentos contrários aos diplomas, ambos, em graus variados, bastante sofísticos. Um diz respeito a um suposto prejuízo à liberdade de expressão. Outro, refere-se à qualidade da formação profissional. Nos dois casos, são discutidas questões adjacentes, sem maior relevância para o debate central sobre o diploma.
Nesta postagem vou me ater ao primeiro: o argumento de que a exigência de diploma seria uma agressão à liberdade de expressão. Cumpre-nos informar, pacientemente, que esta afirmação é fantasiosa. Quem se utiliza deste argumento sabe muito pouco da dinâmica de imprensa.
Qualquer cidadão pode se expressar em jornais e revistas, televisão e rádio, para ficar nos meios tradicionais.
Para isto há canais específicos, como a) ser entrevistado; b) utilizar-se da seção de cartas; 3) ter seu artigo aceito nas seções op-ed (de opinião não editorial), ou outras dedicadas à voz do especialista.
Por isso, não é difícil e é até saudável ver médicos falando de medicina, quando convidados ou escrevendo artigos.
Mas, sinceramente, dispenso a surpresa de ver médicos ou engenheiros coordenando equipes de repórteres, ou produzindo reportagens. Mesmo sobre medicina ou construção civil.
Considerando que a mídia abrange não somente o jornalismo, mas também a publicidade e o entretenimento, há campos bastante amplos para a atuação de quem quer freqüentar o metiê.
Hoje, inclusive, com as novas tecnologias, pode-se construir um blog e ir à luta. Os fóruns de discussão estão por aí, livres para participações voluntárias.
O que se está discutindo, portanto, não é a "liberdade de expressão" ou de opinião. O que se está discutindo é a formação do trabalhador jornalista: aquele que opina, mas também aquele que analisa, e, principalmente, aquele que edita, que vai à rua coletar as informações, que redige, que afere a informação que lhe chega, que adequa as informações, a linguagem verbal e visual ao público alvo, que coordena uma equipe.
Construir uma reportagem complexa, com equilíbrio, garantindo a confiabilidade de informações, respeitando os personagens-tema , ouvindo as vozes sociais necessárias envolvidas no objeto de apuração, apresentando ao público um texto onde não se demonstram preconceitos ou prejulgamentos, é algo que demanda preparação e conhecimento. Coordenar um conjunto de profissionais capazes de realizar o bom trabalho acima, planejar pautas, com atenção especial aos grandes debates sociais, às demandas cotidianas do público, é um exercício árduo, diário, e nem sempre reconhecido.
Mas, certamente, ninguém quer o fim do diploma para se tornar um operário jornalísta.
Dar palpites, qualquer um pode dar. E nossos jornais e revistas estão cheios de palpiteiros. Defender o fim do diploma por desejo de aparecer em jornais escrevendo artigos é gastar energia acima do necessário. Para isso, é preciso ser amigo do dono do jornal. Para ser amigo do dono do jornal não é necessário diploma. Basta freqüentar a corte, com as bajulações de praxe.
Quem defende que "na prática" qualquer um aprenderia a atividade jornalística deveria ser informado - talvez por jornalistas - que o campo midiático é complexo, exige um processo de formação, que vai desde as disciplinas e discussões de fundamentos conceituais, até o domínio das diversas tecnologias comunicacionais, passando pelas discussões éticas, e conhecimento da legislação.
Para piorar, o argumento contrário ao diploma acima é anacrônico, num momento em que sabemos que o país precisa profissionalizar suas relações, se quiser, ainda, almejar o crescimento como sociedade desenvolvida.
► Responder esta
Permalink Responder até Liu Sai Yam 1 dia atrás
Realmente, se formos sacar o argumento má-qualidade da formação acadêmica, poderíamos falar sobre todos os cursos e carreiras profissionais, até mesmo da "sacrossanta" medicina, o que remete a outra questão escabrosa, que é a proliferação de universidades privadas-gráficas de diplomas.
Sei de universidade que oferece graduação em "comandante de aeronave"(?!).
Mas não é por esse tipo de aberração que vamos defender a extinção da exigência de formação especializada em pilotagem, não é?
Saudações.
Permalink Responder até Raí Araujo 18 horas atrás
Cara Suely,respeito a sua indignação pela proposta do companheiro Dirceu,a respeito da classe jornalística,que convenhamos,merece todo o respeito,porem ultimamente tem sido levada a "ler a cartilha do empregador"e talvez seja esta a razão do experiente e inteligente Jose Dirceu ter esta postura.
Respeitemos a vida política do ex-lider estudantil,que após aqueles duros tempos,onde tinha a seu favor a voz da maioria da classe jornalística(naquela época mais engajada)passou a ser patrulhado pela mesma imprensa,que antes o admirava,e quando da sua pasagem pelo Congresso e pela Casa Civil,jamais teve uma linha favorável à sua atuação política,muito pelo contrário,sempre era tachado de autoritário e manda-chuva,o que na verdade não tinha nada de verdadeiro.
Assim entendo que o ponto de vista do companheiro Dirceu é mais uma "resposta"àqueles que o crucificam nos jornais e revistas,quase que diariamente,por crimes não comprovados até agora,e como como toda pessoa deve ser considerado inocente,até que seja julgado e comprovado seus crimes,ele é inocente e vai provar isto,mais cêdo ou mais tarde!
Abraços do amigo,Raí.
Permalink Responder até Cássia 17 horas atrás
A minha primeira dúvida foi a mesma do Liu, isto é, se o fato do José Dirceu ter colocado o assunto em discussão seria de fato relevante. Bem, pelo que a Suely respondeu sim, o que faz com que a discussão se divida em duas vertentes. Uma seria a própria questão da obrigatoriedade ou não do diploma para o exercício do jornalismo, a outra seriam os motivos de José Dirceu para colocar o assunto em discussão agora. Como parece não ser possível nem útil avançar nesse segundo ponto, reservo meus comentários ao primeiro.
Acho que deve se exigir diploma para jornalista sim. O grau de responsabilidade exigido pela profissão não admite a informalidade trazida pela ausência do diploma. Isso não quer dizer que outros profissionais não possam eventualmente escrever matérias em jornais ou revistas, mas para o exercício da profissão, considero indispensável a formação na área de comunicação.
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Permalink Responder até Suely Pinheiro 13 horas atrás
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Caros, Wedencley e Liu
MENSAGENS DO DIA
Começo respondendo a vocês, porque suas inserções chegaram durante o dia. Como já conheço alguma coisa da formação acadêmica dos dois, posso apelar para o quão importante é a acumulação do Conhecimento. A Universidade, ao menos formalmente, dá (ou deveria dar) um quatro, geral, de como funcionam as regras do jogo. Aprendemos noções gerais, como antigamente estudávamos História Geral no colégio.
Para aprofundar esse item, gostaria de lembrar uma experiência que eu vivi, ao coordenar um Curso de Economia para Jornalistas, em 2000, já citado aqui neste tópico. Naquele momento, ainda vivíamos um clima de generosidade nas disputas políticas, e a Imprensa se comportava com certo distanciamento. Essa mesma Imprensa havia sido responsabilizada, por ocasião da quebra das Bolsas Asiáticas, dois anos antes, sem que essa mesma Imprensa orientasse a população dos efeitos desse quebra-quebra financeiro. É claro que teria sido muito importante para a população discutir isso, na eleição que levou FHC ao segundo mandato, mas isso foi omitido na discussão, e as poucas inserções feitas pela oposição de então (o PT) não tiveram repercussão.
De qualquer forma, o clima em 2000 era amistoso e propício para aumentar conhecimentos. As duas Edições do Curso trouxeram informações, que até então não eram disponibilizadas para o profissional de Imprensa. Os únicos jornalistas, especializados, na época, eram os nossos amigos, Luis Nassif (que está possibilitando esse nosso debate) e Celso Pinto. Tínhamos um terceiro comentarista econômico, na Rede Globo, mas sequer tinha estudado Economia. Sua primeira experiência era de Comentarista Esportivo. Hoje, ele dá "palpites" e faz "piadinhas" em outra emissora, depois de aparecer num comercial de um grande banco brasileiro e, por isso, ser despedido. Pois bem, a enorme afluência àquelas edições do curso de Economia (na verdade, no Instituto de Formação de Jornalistas - órgão criado pelo Sindicato) deu provas do quanto era preciso investir na formação complementar. Outras edições vieram, naturalmente, sem a qualidade das primeiras (e delas não participei). A maioria (salvo exceções) teve um caráter comercial e fora do controle de entidades sindicais. Aquele trabalho de formação, ao menos qualificou, minimamente, 60 profissionais de Imprensa, em 2000 que, nas redações sediadas em São Paulo passaram a dar menos "chutes" e aprenderam a melhor apertar os especialistas do setor. Ou seja, a partir daí, já não foi tão fácil para os costumeiros "enroladores" da Economia brasileira e internacional. Seguramente, outras crises internacionais não passaram em brancas nuvens, como aquela de 98.
Bem, a questão que fica é a seguinte: se for evidente que necessitamos de cursos suplementares de formação, porque justamente agora se voltam contra os cursos regulares (as faculdades)? São questões distintas - garantia de regras claras para o exercício da profissão e, por outro lado, a qualidade desses cursos regulares. Este, aliás, é um problema geral do Ensino brasileiro, em todos os níveis. Paradoxalmente, um dos professores de uma das edições daquele curso foi o, hoje Ministro da Educação - Fernando Haddad.
Para finalizar minha provocação a vocês dois, digo que falta especialização, na maioria dos segmentos tratados pelo jornalismo diário. Quer uma dica? Qual é o jornalista da grande imprensa que não deixa se enrolar, quando entrevista alguma autoridade ou candidato à prefeitura de São Paulo, sobre transito? Outra, além de Percival de Souza (em São Paulo), quem mais conhece os meandros da Segurança Pública? Falo, naturalmente, dos jornalistas que estão empregados.
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Permalink Responder até Suely Pinheiro 13 horas atrás
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Caros Raí e Cássia,
MENSAGENS DA NOITE
Primeiramente, gostaria de agradecer a ambos o retorno à minha mensagem. Respondendo ao Raí, não creio, sinceramente, que o Zé Dirceu esteja agindo por revide aos jornalistas, pela campanha desenvolvida contra ele, desde o primeiro momento em que assumiu a Casa Civil. Não é da natureza dele ser vingativo, posso afirmar, e até porque não teria sentido, nesse momento. Se ele não puder contar com a solidariedade dessa categoria, ao menos ele precisa evitar arrumar outros inimigos, num momento, talvez, definitivo de sua VIDA POLÍTICA.
Já expressei isso, no texto inicial, que ele não só tem o DIREITO de se defender, como o DEVER de justificar o cargo e a confiança por ter ocupado um posto na República. A questão, como disse a Cássia e outras pessoas, é saber se ele é CONTRA ou a FAVOR à obrigatoriedade do Diploma e, se contra, PORQUE.
Como bem disse a Cássia e, também, o Wedencley, em suas mensagens: "...O grau de responsabilidade exigido pela profissão não admite a informalidade trazida pela ausência do diploma. Isso não quer dizer que outros profissionais não possam, eventualmente, escrever matérias em jornais ou revistas..."(Cássia). "... quanto ao argumento de que a exigência de diploma seria uma agressão à liberdade de expressão, cumpre-nos informar, pacientemente, que esta afirmação é fantasiosa. Quem se utiliza deste argumento sabe muito pouco da dinâmica de imprensa... O que se está discutindo é a formação do trabalhador jornalista: aquele que opina, mas também aquele que analisa, e, principalmente, aquele que edita, que vai à rua coletar as informações, que redige, que afere a informação que lhe chega para adequá-la à linguagem verbal e visual, ao público alvo, que coordena uma equipe" (Wedencley).
O fundamental é que não haja retrocesso, naquilo que já foi, arduamente, conquistado pela categoria. É natural que, apesar de uma pessoa (qualquer um) cursar uma faculdade de jornalismo, não significa que ela vai saber "fazer o jornalismo", da forma correta. Mas, quem pretende ser jornalista precisa
necessariamente, cursar uma faculdade, uma vez que somente lá vai obter a linguagem específica desse INSTRUMENTO DE COMUNICAÇÃO, além da questão da ÉTICA profissional.
Postamos essa longa mensagem do jornalista Paulo Henrique Amorim, porque consideramos muito grave o teor de suas afirmações. Nem é preciso dizer que o consideramos até a divulgação da mesma ontem no dia 12, sábado, em seu blog CONVERSA AFIADA, como um dos mais brilhantes e independentes profissionais do Brasil. No entanto a inexatidão de certos dados revelados pelo texto abaixo nos deixa uma sensação de desconforto e que precisa ser mais bem discutida. Para tanto chamamos à responsabilidade todos os jornalistas, artistas, comunicadores em geral diante do que se segue.
Como o senhor Paulo Henrique Amorim e a grande maioria da população brasileira, ficamos estarrecidos diante dos fatos abaixo reproduzidos, no entanto, clamamos por Justiça, que passará necessariamente pelo crivo da veracidade dos fatos.
Suely Pinheiro jornalista e J.Alves dramaturgo e escritor
Free Counter
DANTAS, “BrOi”, MENDES – É PORQUE LULA TEM MEDO
Paulo Henrique Amorim
Máximas e Mínimas 1272
Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista
“Ele (Serra) é sem escrúpulo, passa por cima da mãe.”
De Ciro Gomes, numa sabatina na Folha
. “Eu até imaginava que quando assinasse o acordo (da “BrOi”) até evitava isso e não estimulava”.
. Foi o que disse Daniel Dantas, ao Estadão, na primeira pág. desta edição de sábado.
. Isso é o que define a crise institucional provocada por um Presidente da República que tem medo: o Presidente Lula.
. O que "evitou isso" foram três brasileiros de que devemos nos orgulhar: o Juiz De Sanctis e os delegados Protógenes Queiroz e Paulo Lacerda.
. O Supremo Presidente Gilmar Mendes acaba de provocar a maior crise institucional do Governo Lula.
. O Presidente Supremo do Supremo Tribunal Federal rachou o sistema Judiciário brasileiro ao meio e transformou a mais alta Corte numa rinha para se vingar do Juiz De Sanctis, governar o Brasil, e ser, de direito, seu futuro Presidente.
. Mendes deu o Golpe.
. Deu o Golpe nas barbas de um Supremo omisso, que está em casa, a assistir a crise pela televisão.
. De onze juizes do Supremo, o Presidente Lula, o que tem medo, nomeou 6 ministros.
. Cadê eles ?
. Vão deixar Mendes, o Supremo Presidente, acabar de destruir o Supremo ?
. Estão na missa ?
. Estudam Yoga ?
. Escrevem novelas picantes ?
. Enquanto o Supremo Presidente desmoraliza o sistema Judiciário ...
. Se o Presidente Lula não tivesse medo, aumentava o número de juízes da Suprema Corte, como fez o general Castello Branco.
. Ou como o presidente Nestor Kirchner, esse, sim, um presidente que não tem medo: mandava para a rua os ministros nomeados pelo Carlos Menem.
. Dantas deu dois golpes no Presidente que tem medo, o Presidente Lula.
. Este, de Mendes, é o segundo.
. O primeiro, foi o mensalão.
. Dantas é o pai e a mãe do mensalão.
. Agora, para desmoralizar o Governo do Presidente que tem medo, o PiG diz que a investigação sobre Dantas nasceu no mensalão.
. Não é verdade, o gérmen de Dantas é a privatização do Farol de Alexandria.
. Mas, na época do mensalão, o PiG escondeu e protegeu Dantas.
. Naquele momento, como disse o assessor do Presidente, Gilberto Carvalho, que está atolado até o pescoço na patranha da “BrOi”, no mensalão, dois ministros (ligados a Dantas) foram a Lula dizer para ele renunciar ao segundo mandato.
. Foram os ministros Márcio Thomaz Bastos (*) e Antônio Palocci, que, a certa altura dessa investigação, vão aparecer, ligados de forma umbelical a Dantas.
. Dantas quase derrubou o Presidente que tem medo ali, naquela primeira crise.
. Na crise em que a Folha (da Tarde*2) transformou Roberto Jefferson em Thomas Jefferson.
. Agora, nessa segunda crise, com a ajuda de um presidente do Supremo notoriamente insensato, Dantas é o pai e a mãe, também.
. Um dia, Dantas vai derrubar o presidente que tem medo.
. Ainda dá tempo.
. O presidente que tem medo achou que, se fizesse a “BrOi”, calava a boca de Dantas e silenciava a turma do Farol de Alexandria, o FHC, que inscreveu Dantas na lista dos “mais ricos do mundo”.
. O Presidente que tem medo achou que ia fazer “el gran acuerdo”.
. Mandava a Dilma botar uma grana do BNDES no negócio; dava a Dantas um cala-a-boca de US$ 1 bilhão; e obrigava os fundos a perdoar as ações que moviam contra Dantas (na vã esperança de que Dantas renunciaria a processá-los na Justiça).
. De quebra, calava-a-boca do Farol, que sua nas mãos quando ouve falar em “Daniel Dantas” e “disco rígido”.
. O presidente que tem medo, o Presidente Lula, também deve ter medo do “disco rígido” do Opportunity.
. Por isso, deixou que a metástase de Dantas subisse a rampa do Palácio.
. O chefe da Casa Civil, José Dirceu, aparece numa degravação da PF associado ao nome da jornalista da Folha (da Tarde*) Andréa Michael, como sendo especialista numa chamada “conta-curral”.
. Diz Humberto, o Humberto Braz, o genial “Guga”, da quadrilha de Dantas, segundo a Polícia Federal: vamos resolver a consultoria dele em duas vezes ... na “conta-curral”.
. Diz Gilberto Carvalho, assessor pessoal do Presidente da República, o que tem medo: tá.
. Completa “Guga”: 50% já e 50% quando o meio ambiente aprovar...
. Esse é o presidente eterno do PT e chefa da Casa Civil do Presidente que tem medo.
. No lugar dele, entrou a Ministra Dilma Rousseff.
. A Ministra Rousseff me disse a mim, Paulo Henrique Amorim, que a fusão da Brasil Telecom com a Oi só sairia se um grupo empresarial brasileiro botasse dinheiro do próprio bolso.
. Mas, o presidente que tem medo convenceu Rousseff a mudar de idéia.
. E ela aparece nas investigações com o “Gomes”.
. “Gomes” é, na quadrilha de Dantas, o codinome de Luiz Eduardo Greenhalgh.
. “Gomes” era um dos heróis do PT, quase eleito Presidente da Câmara.
. Advogado de presos políticos.
. No auge da crise do “caso Celso Daniel”, o presidente que tem medo incumbiu “Gomes” de acompanhar pessoalmente o caso, a investigação, os bastidores para fazer um relatório reservado ao presidente que tem medo.
. Tal era a confiança que unia os dois: Lula e “Gomes”.
. A “BrOi” está no centro desta crise.
. A “BrOi” é a maior patranha empresarial brasileira e ela foi negociada dentro do Palácio do Planalto, com o aval do presidente que tem medo.
. Dantas está certíssimo.
. Ele tem razão.
. A “BrOi” era para pacificar tudo.
. Botar uma pedra em cima.
. Esquecer o passado.
. Deixar o disco rígido no cofre da ministra Ellen Gracie.
. E cochichar no ouvido do Farol:
- Fica tranqüilo. O disco rígido está debaixo do tapete. Ninguém vai meter a mão naquilo. Liga pro Serra e diz pra ele pra ficar tranqüilo. Eu seguro a tua barra e você segura a minha. Lá na frente a gente acerta isso tudo com o Aécio.
. A “BrOi” só saiu porque Dantas recebeu o cala-a-boca.
. Ele mandou o empregado José Dirceu dizer ao presidente que tem medo: se não pagar, chuto o pau da barraca e o PT vai virar um PTB.(*3)
. Dantas, o “blue eyes” das gravações da PF, falou com aquele sotaque rouco do Marlon Branco no “Poderoso Chefão”: “I’ll make you an offer you can’t refuse”.
Em tempo: quem quiser entender a “lógica” da decisão do Supremo Presidente Gilmar Mendes ao dar fuga a Dantas pela segunda vez, basta ler a capa da “revista” IstoÉ Dinheiro, assinada pelo chefe de redação do Sistema Dantas de Comunicação, o “jornalista” Leonardo Attuch. Está lá toda a “lógica" do Supremo Presidente. Especialmente o “argumento” de que as provas foram plantadas. O Supremo Presidente não perdoa: chamou os policiais federais de gangsters e agora de plantadores de provas. A explicação está no Attuch.
(*) Num domingo, a revista Veja chegou às bancas em Brasília. Tinha na capa a reportagem que Dantas escreveu, com a ajuda providencial de Márcio Aith, com a conta secreta do presidente Lula no exterior. Na quarta-feira à noite, o então Ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, foi comer quibe cru na casa do senador Heráclito Fortes, na companhia de outra parte da Bancada Dantas no Congresso: Sigmaringa Seixas (que reaparece com notoriedade nas degravações da Polícia Federal, sempre ao lado de Dantas), e José Eduardo Cardozo. O convidado de honra do jantar – ele, na verdade, come pouco – era Daniel Dantas. Que negou de pés juntos que tivesse escrito, a quatro mãos, a capa da Veja. Thomaz Bastos é do escritório que Dantas contratou para processar Mino Carta. (A nova Polícia Federal, da gestão Tarso Genro, indiciou Dantas por essa reportagem na Lei de Imprensa !)
(*2) Já estava na hora de a Folha tirar os cães de guarda do armário e confessar, como fez a Folha, que foi “Cão de Guarda” do regime militar. Instigado pelo Azenha – clique aqui para ir ao Viomundo – acabei de ler o excelente livro “Cães de Guarda – jornalistas e censores do AI-5 à Constituição de 1989”, de Beatriz Kushnir, Boitempo Editorial, que trata das relações especiais da Folha (e a Folha da Tarde) com a repressão dos anos militares. Octavio Frias Filho, publisher da Folha (da Tarde), não quis dar entrevista a Kushnir.
(*3) Quem transformou o PTB de Vargas, Jango e Brizola em PTB de Roberto Jefferson foram Golbery e a “infiltrada” Ivete Vargas (do PTB de SÃO PAULO ...). Quem transformou o PT em PTB de Roberto Jefferson foi o Daniel Dantas. Como dizia o Brizola, “o PT é a UDN de tamancas”.
terça-feira, 22 de julho de 2008
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