quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Raul Cortez e Gianfrancesco Guarnieri?

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Raul Cortez e Gianfrancesco Guarnieri?
Por quê Raul Cortez e Gianfrancesco Guarnieri se tornaram Ídolos da Classe Dominante, nos dias atuais?

A pergunta se justifica porque é bom lembrar que ambos foram, há seu tempo, ícones na luta contra a Ditadura Militar. Raul encarnou Teteriev, em PEQUENOS BURGUESES, nos primeiros momentos do Golpe de Estado e, mais tarde, Manguari Pistolão, em RASGA CORAÇÃO, na passagem para a redemocratização do País, em 79. Já Guarnieri, além de eternizar sua interpretação em ARENA CONTA ZUMBI, foi o responsável, talvez, pela mais completa obra da dramaturgia brasileira contra o Estado Totalitário em - O PONTO DE PARTIDA. Além disso, foi sem dúvida o mais eficaz dramaturgo, na luta pela redemocratização do Brasil. Porque, então, agora a imprensa que se sustenta com L'argent de uma classe média abastada, pisa na cabeça e joga dejetos no projeto que moderniza o país? O caminho para entender essa esquizofrenia social é longa, e precisa de leitura e algum esforço para assimilar a própria história brasileira, a partir da segunda metade do século passado. Não faz tanto tempo assim. Hoje mesmo, o Banco Itaú patrocina exposição (com dinheiro de todos os assalariados, que ganham mais de 20 mil reais, anualmente), tendo como tema a Bossa Nova, quando tudo teria começado.

Então comecemos: a rapaziada e essa moçada, bronzeada, já ouviram falar dos 50 anos em cinco? Pois bem, este foi o Jargão Político (hoje, denominada peça publicitária) que sustentou o governo JK. Juscelino queria tirar o atraso do Brasil e construiu, como se tirasse uma costela de Adão, a sua BRASÍLIA. O anseio do Presidente não era Comunista, mas de seus colaboradores, sim. Os militares sempre odiaram a arquitetura de Brasília, uma vez que ela é libertária. De onde surgiu à expressão - Brasil, país do futuro? (título do livro de Stefan Zweig, publicado em 1941. Um belo livro que pode ser lido em http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/paisdofuturo.html. - citado por Henrique Marques Porto). Foi, justamente nesse período que mais se usou a expressão. O desenvolvimento trouxe participação popular, inclusão social (diriam, hoje), e isso não era bom para os mesmos que sustentam essa imprensa tendenciosa, nos dias atuais. Descontentes (em 64), saíram às ruas com rosário nas mãos, e se aliaram aos de fardas verdes. Mas, ao final, os militares acabaram gostando da estória, ficando em Brasília e, ajudando na construção do Império da Rede Globo. Não demorou muito, e essa mesma classe média percebeu que poderia perder, nas Câmaras de Tortura, seus entes queridos. O ponto de partida não poderia ser outro, a não ser a morte do jornalista Vladimir Herzog. Não é difícil entender a parábola criada por Guarnieri, ao escrever - no ano seguinte - a peça (homônima), apresentada num bairro judeu de São Paulo. Seria duvidar da inteligência do leitor.

Como disse um importante "quadro" da Ação Popular, na década de 60 e ex-estudante da Universidade Católica de São Paulo "os militantes da AP concluíram seu curso universitário, tornando-se membros dessa classe dominante". Hoje, ainda fazem parte da oposição ao Regime Militar, mas ele já acabou! Eu diria mais, eles se transformaram no partido político que melhor representa a resistência ao desenvolvimento humano e social no Brasil. A expressão "Tucana" vem da palavra TUCA (Teatro da Universidade Católica), grupo de teatro muito importante, da década de 60.

Mas, voltemos a Raul e Guarnieri. Eles, de fato, têm uma contribuição inestimável à Cultura e ao desenvolvimento da Nação brasileira que se formou no pós-guerra - isso é inquestionável. O mesmo se pode dizer da importância do Grupo Tuca e de boa parte dos acadêmicos que ali se formaram, nas décadas de 70 e 80. Isso não impediu, no entanto, que esse legado seja usado como porta estandarte dessa mesma imprensa blasé, arrogante e retrógrada.

Quando um de seus funcionários ousa dizer o contrário - como aconteceu recentemente com o crítico de música Jota Medeiros "Caetano, o Rei e o show de naftalina", jogam bosta na Geni, como fez Caetano "Como é que qualquer editor deixa sair um texto, com tantos erros de português, tantas redundâncias e obscuridades, tamanha incapacidade de articular pensamentos?" Só faltou dizer que Jota Medeiros vota em Lula. Veja só, essa gente só aplaude a transformação quando é espelho. Do contrário - "ao fogo dos infernos seus língua-presa, analfabetos, sujos, malvados e mal-cheirosos".

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